sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Rompimento.

Luisa encontrava-se em êxtase, a hora do parto estava próxima. Se sentia pesada,  havia ali o maior afeto dentro de si, e em seus sonhos os devaneios da nova vida que iria começar a partir daquele momento ardiam. Estava na hora. Uma jovem enfermeira apressou-se e agarrou delicadamente o braço de Luisa, deveria levá-la ao quarto de hospital que planejara meses antes para todo o ritual de nascimento do maior amor da sua vida. Ela andava devagar, suas pernas pareciam patas de elefante, seu rosto suava e o cabelo desgrenhado balançava por causa do ventoral que escapava pela janela. Durante a caminhada eterna, inesperadamente Luisa sentiu algo quente escorrendo entre suas pernas. Olhou para baixo em prantos: sua barriga estava murcha, apesar da sensação de cinquenta quilos, e uma poça de cor avermelhada aumentava a cada segundo embaixo dos seus pés. Sua expressão rapidamente se metamorfoseou enquanto se soltava da enfermeira, caindo no chão. Os velhinhos que cochilavam na sala de espera do hospital acordaram com o maior grito que poderia se escutar nas redondezas. Era o grito de Luisa, que se contorcia no chão de dor e tristeza, ensanguentada  com todo o afeto que carregava. O grito pareceu durar uma eternidade.

"naaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaooooooooooooooooo"

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